quarta-feira, 10 de setembro de 2014

JASMINE - SADGE- HotNigga Freestyle


Novo single da rapper norte-americana JASMINE SADGE DAVIS. Acesse o link e confira. Está um luxo.


A RELEITURA SENSORIAL COMUM CONTEMPORÂNEA DA CRIMINALIDADE

Texto de Marcelo Silles

João desempregado, envolvido com roubos e furtos é detido e preso em flagrante, na calada da noite traiçoeira pelos fardados agentes do Estado e defensores da classe média e elite opressora. João é pobre, reside em um bairro periférico onde o crime comum é cultuado e conviver com esse fenômeno social faz parte da rotina dos indivíduos, meliantes assim são vistos pelos olhos segregacionistas, excludentes e racistas como seres escusos determinados a viverem sobre o jugo abjeto humano.

Adolf magistrado, envolvido em esquemas de desvios de dinheiro público, tráfico de influência, contrabando e vários crimes de colarinho branco. Adolf é branco, descendente de europeus, reside em uma mansão num condomínio de classe alta. É protegido pelo gigante crime organizado onde envolve políticos, agentes de segurança pública, magistrados, ricos empresários, banqueiros e etc. É uma lavagem atrás da outra. Adolf é abençoado e protegido pelo capital, adorado e temido pelas pessoas comuns, é um magistrado e magistrado não comete crime, não é bandido tem apenas desvio de conduta.

Duas realidades distintas, mas iguais em infrações e criminalidades que vão contra a convivência em sociedade. O que diferencia um do outro no tratamento e olhares de julgamento? A condição social. João é pobre e desempregado aos olhos da lei, será sempre um meliante sem condições de mudanças e retorno ao convívio de seus familiares e amigos, um ser desprezível que deve viver eternamente as margens, encarcerado. Adolf é magistrado, rico, distinto de sobrenome onipresente, família tradicional, requintado, apreciador de uma boa convivência mesmo que seja criminal, mas aos olhos da sociedade são pessoas de bem detentora de uma moral intacta e caráter lícito.

O senso comum sobre a criminalidade ainda persiste, um legado maculo que incita e penaliza os cidadãos simples reféns da violência produzida pela elite e o Estado, a esses simples mortais a pena de morte justiceira que permeia os mais insanos sonhos dantescos de pessoas embriagadas do senso comum capazes das mais bárbaras atrocidades contra um dos seus, vitima de um sistema injusto e maléfico.


O senso comum a bandidagem é uma herança macabra de um colonialismo exploratório genocida. E nesse fator em nada, em seu cerne contemporâneo a criminalidade traz algo de novo. O pobre sempre perseguido pelas leis e seus agentes repressores, cães insanos, covardes e a elite e seus protegidos privilegiados, abençoados e maculados por toda uma sociedade sem distinção de classe, cor e posição social. O paradigma da criminalidade contemporânea não traz nada de novo, não reverte um caos antigo, mas ao contrário esse paradigma cala e consente.